quarta-feira, 14 de setembro de 2011

EXTRAÇÃO DE ÓLEO DE TILÁPIA (Oreochromis niloticus) E AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DA FRAÇÃO LIPÍDICA

EXTRACTION OF OIL FROM " TILÁPIA" (Oreochromis niloticus) AND PHYSICO-CHEMISTRY AVALIATION OF THE LIPID FRACTION


Millene Aparecida Gomes1, Lucas Caixeta Gontijo2, Selbert Ferreira Prates Neves1

¹Acadêmicos do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos – Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí
²Professor – Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí

Palavras-chave: índice de acidez, rendimento, índice de saponificação;

Introdução

            A extração de lipídios é uma determinação importante em estudos bioquímicos, fisiológicos e nutricionais dos mais diversos tipos de alimentos e, portanto deve ser realizada com acurácia (BRUM, 2005).
            Os procedimentos clássicos de extração de lipídios são: extração com solvente a quente, como por exemplo Soxhlet; extração com mistura de solventes a frio (método Bligh-Dyer) e extração da gordura ligada com outros componentes por hidrólise ácida e alcalina (CECCHI, 2003).
            Pesquisas recentes têm ressaltado a importância do consumo de óleo de peixe rico em ácidos graxos ômega-3, principalmente ácidos eicosapentaenoico (EPA) e ácido docosahexaenóico (DHA), devido à efetiva ação hipocolesterolêmica e prevenção das doenças cardiovasculares, além de atuarem no sistema imunológico e na prevenção da tumorogênese de mama, cólon e de próstata (PACHECO, 2009).
            Dado o nível de insaturação dos seus ácidos graxos, os óleos de peixes são muito susceptíveis a processos oxidativos, que comprometem as duplas ligações, a concentração e a funcionalidade dos ácidos graxos EPA e DHA, além de colocarem em risco a saúde humana (SHAHIDI, 1998).
            Assim, o objetivo do trabalho foi avaliar a qualidade da fração lipídica do óleo de tilápia empregando o método de Soxhlet de extração e quantificar o rendimento do mesmo.

Material e Métodos

            As análises físico-químicas foram realizadas no Laboratório de Análises Físico-Químicas de Alimentos do Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí, onde foi extraído e analisado o óleo do filé de Tilápia (Oreochromis niloticus). As amostras para as avaliações, tinham peso de 380g á 590g, foram obtidas através da despesca, do processamento dos filés resfriados e congelados. Para a extração do óleo foi realizado a secagem da amostra em estufa a 105 + 2 ºC, por 14 horas. Logo após, pesou-se aproximadamente 20 g de amostra seca colocou-se em cartuchos feitos com papel filtro no condensador do extrator Soxhlet onde permaneceu em refluxo por 8 horas empregando o solvente clorofórmio. Em seguida foi colocado em banho maria para evaporação do solvente, até peso constante.
            Foram realizadas as análises físico-químicas índice de acidez (ácidos graxos livres) e índice de saponificação empregando a metodologia Adolf Lutz (1985).

Resultados e Discussão

            A média dos resultados encontrados nas análises de índice de acidez, índice saponificação e rendimento estão apresentados na Tabela 1.


Tabela 1 - Índice de Acidez, Índice de Saponificação e Rendimento de óleo de tilápia extraído pelo método Soxhlet
ANÁLISES
Índice de Acidez
(% AGL)*
Índice de Saponificação
(mg KOH / g)
Rendimento de Óleo
7,62 ± 0, 498
947,95 ± 33,25
0,16g de óleo/g de amostra seca
ou 16,09%
* % AGL = porcentagem de ácidos graxos livres

            Na Tabela 1, verifica-se que o óleo bruto extraído com solvente a quente teve um índice de acidez maior em comparação aos resultados do óleo bruto extraído a frio, obtido através de prensagem, que foi de 1,29 % de acordo com Araújo (2007). Isto indica que a extração a quente interferiu na qualidade da fração lipídica. Este resultado já era passível de ser encontrado visto que óleos de peixe têm facilidade de sofrer deterioração oxidativa principalmente quando aquecidos (SHAHIDI, 1998).  
            Em relação ao índice de saponificação verificou-se que está em desacordo com a legislação, a qual permite no máximo 192 mg KOH/g de amostra (PORTARIA nº 19, 1995).
            Vidotti e Gonçalves (2006) extraíram óleo de tilápias, empregando cocção e prensagem e, obtiveram um rendimento de 15%. No presente trabalho, empregando a extração pelo método Soxhlet obteve-se um rendimento de 16%.
           
Conclusão

            A extração de óleo de tilápia empregando o método Soxhlet prejudica a fração lipídica, portanto deve-se empregar metodologias que empregam baixas temperaturas no processo de extração, como por exemplo, as extrações a frio – prensagem ou método Bligh-Dyer.

Referências Bibliográficas

ADOLFO LUTZ; Métodos químicos e físicos para análise de alimentos. 3a ed., São Paulo,1985.
ARAUJO, K. L. G. V.; Avaliação físico-química do óleo de peixe. Dissertação de Mestrado, UFPB, 2007.
BRASIL, 1995 - Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA - Portaria nº 19, de 15 de março de 1995.
BRUM, A. A. S.; Métodos de extração e qualidade da fração lipídica. Dissertação de Mestrado, USP, 2005.
CECCHI, H. M. Fundamentos teóricos e práticos em análise de alimentos, 2ª ed. Rev. - Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2003.
PACHECO, S. G. A.; REGITANO-D'ARCE, M. A. B.; Estabilidade oxidativa de óleo de peixe encapsulado em diferentes tipos de embalagens em condição ambiente. Ciência e Tecnologia Alimentos Vol.29 nº 4 Campinas, 2009.
SHAHIDI, F. Lípds y proteínas funcionales del pescado. In: MAZZA,G. Alimentos
funcionales. Zaragoza, Acribia, cap. 12, 1998.
VIDOTTI, R, M & GONÇALVES, G, S; Produção e caracterização de silagem, farinha e óleo de tilápia e sua utilização na alimentação animal, Disponível em: http://www.pesca.sp.gov.br/, acessado em janeiro de 2010.


 Autor a ser contactado: Millene Aparecida Gomes, acadêmica do curso superior de Tecnologia em Alimentos – Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí  – e-mail: millenegomes@live.com.pt

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